sexta-feira, 12 de outubro de 2012

A semiótica e os blogs de Língua Portuguesa


Afim de compreender as várias interações que podem acontecer entre as palavras e as imagens detemos primeiramente considerar os livros que não possuem texto. Em livros infantis, por exemplo, que têm ilustrações sem texto, os pais são forçados a inventar grande parte da história. Isso dá ao leitor um grande controle. Nesse caso, o leitor torna-se uma peça fundamental na leitura do livro. Em oposição a isso, considere um texto sem quaisquer imagens ou ilustrações, de nenhum tipo, como um romance, por exemplo. Nesse caso, como não existe nenhuma orientação visual, temos de nos apoiar em descrições textuais para saber como são os personagens e os locais onde se desenrola o romance.
As imagens geralmente são tão abertas à interpretação que podem falhar em prover um significado estável ao qual o leitor possa se apegar. Pode ser por isso que precisamos complementá-las com palavras. As palavras ajudam a reduzir a quantidade de interpretações disponíveis e nos ajudam a ancorar as imagens. Podemos ver na página anterior como é importante ancorar as imagens adequadamente. Por questões mais que evidentes é importante saber se um copo contém veneno ou água benta.
O problema da interpretação aberta também acontece em textos. E é para isso que servem as ilustrações. Por exemplo, as ilustrações de John Tenniel para o livro Alice no país das maravilhas, de Lewis Carrol, ajudaram a elaborar e a dar sustentação ao texto de uma maneira tão poderosa que as pessoas realmente pensam que Alice é loira, quando na verdade o autor não especificou no livro a cor do cabelo da personagem.
Então, concluímos que pequenos textos podem simplificar, complicar, elaborar, amplificar, confirmar, contradizer, negar, reafirmar ou ajudar a definir diferentes tipos de significados, quando interagem com as imagens e com os objetos. Isso pode ocorrer nas histórias em quadrinhos, em fotografias com legendas, em mapas com nomes de lugares, em anúncios com textos sobrepostos, em móveis do tipo "monte você mesmo" (com suas instruções de montagem), ou com esculturas com indicações de origem.

HALL, SEAN. Isto significa isso. Isso significa aquilo: guia de semiótica para iniciantes. São Paulo: Rosari, 2008. p. 97-98.


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