sexta-feira, 12 de outubro de 2012

exercícios de Interpretação de Textos e Gramática


O grande e o pequeno
Todo caso de amor tem sempre um grande e um pequeno.
[...] O pequeno ama, o grande se deixa amar. O grande fala, o pequeno ouve. O grande discorda, o pequeno concorda. O pequeno teme, o grande ameaça. O grande se atrasa, o pequeno se antecipa. O grande pede, ou nem precisa pedir, e o pequeno já está fazendo.
Não é uma questão de gênero. Existem homens pequenos e homens grandes, mulheres grandes e mulheres pequenas. O temperamento e as circunstâncias influem, mas não determinam. O grande pode ser o mais bem-sucedido dos dois ou não. O pequeno pode ser o mais sensível, mas nem sempre é assim. Muitas vezes o grande é mais esperto, mas existem pequenos espertíssimos. Depende do caso. [...]
Mas como tudo pode acontecer, senão nada disso ia ter graça, por alguma razão, geralmente à noite, imprevisivelmente, o grande pode ficar pequeno, e o pequeno ficar grande de repente. Basta um vacilo, um cair de tarde, um olhar mais assim, um furacão, uma inspiração, uma imprudência.
Quando isso acontece, é comum o pequeno ficar maior ainda, o que torna o grande ainda menor. O ex-pequeno, logo promovido a grande, pode se vingar do ex-grande, se o seu sofrimento tiver boa memória. [...]
FALCÃO, Adriana. O doido da garrafa. São Paulo: Planeta, 2003. p. 11-13. (Fragmento).

1- O sentido do texto acima é construído pelo uso de dois adjetivos que aparecem também substantivados. Quais são eles?

2- Com que intenção a autora do texto utiliza esses dois termos? Justifique.

3- Transcreva a passagem em que os dois termos não estão substantivados.

4- Por que, considerando o contexto, os dois vocábulos não foram substantivados nessa passagem?

5- Releia:

O grande pode ser o mais bem-sucedido dos dois ou não. O pequeno pode ser o mais sensível, mas nem sempre é assim. Muitas vezes o grande é mais esperto, mas existem pequenos espertíssimos.

a) O trecho acima explica a afirmação da autora de que, embora o temperamento de cada pessoa e as circunstâncias em que se encontram possam influenciar seu comportamento adotado por eles, não o determinam. Que expressões, na passagem transcrita, indicam características de temperamento e quais revelam uma circunstância?

b) O que significa, nesse caso, afirmar que esses elementos influem, mas não determinam o comportamento de cada um dos parceiros?

c) Que recurso linguístico, nessas expressões, foi utilizado para destacar as características e circunstâncias identificadas? Por quê?

respostas dos exercícios de Interpretação de Textos e Gramática

1- Grande e pequeno.

2- A autora utiliza os dois adjetivos para identificar o tipo de comportamento adotado pelas duas pessoas que integram um casal. Aquele definido como grande é caracterizado como a pessoa que tem uma posição de superioridade em relação a seu par amoroso: é aquele que detém o poder na relação entre os dois (é quem é amado, quem fala, quem discorda, quem ameaça, quem pede e quem recebe). O pequeno, portanto, está em uma posição de inferioridade e de submissão (é quem ama, quem ouve, quem concorda, quem teme, quem antecipa os desejos do parceiro) em relação ao grande.

3- " Existem homens pequenos e homens grandes, mulheres grandes e mulheres pequenas."; "...geralmente à noite, imprevisivelmente, o grande pode ficar pequeno, e o pequeno ficar grande de repente.

4- Porque a autora pretende demonstrar que a caracterização de alguém como grande ou pequeno não depende do gênero (masculino ou feminino) associado a esses termos. Na verdade, a autora se refere ao sexo das pessoas que podem ser qualificadas dessa forma. Por isso, usa os substantivos homens e mulheres determinados pelos adjetivos grande e pequeno, afirmando que o comportamento associado a cada um desses vocábulos independe do sexo a que pertence cada um dos integrantes do casal.

5- a) Há uma expressão que indica circunstância: o mais bem-sucedido. Já as expressões o mais sensível, o mais esperto e espertíssimos revelam aspectos do temperamento que podem caracterizar cada um dos parceiros.

b) A autora pretende demonstrar que a posição de inferioridade ou superioridade de cada um dos parceiros (ser grande ou pequeno no relacionamento; não esta diretamente associada a essas características ou circunstâncias. Não há, necessariamente, equivalência entre um dado de temperamento superior (ser mais esperto, por exemplo) e a posição de poder dentro da relação. Pode ser pequeno, no casal, aquele que é o mais bem-sucedido ou mais esperto. A sensibilidade também não é, obrigatoriamente, uma característica daquele que assume uma postura submissa na relação amorosa.

c) Em todas elas, identifica-se o uso do superlativo, já que a autora pretende destacar o fato de que uma qualidade ou uma circunstância aparece intensificada, de forma relativa ou absoluta, em um dos parceiros. As expressões o mais bem-sucedido, o mais sensível, o mais esperto exemplificam o superlativo relativo de superioridade, denotando que, no relacionamento, um dos parceiros se destaca em relação ao outro por apresentar a mesma qualidade em maior grau. Já espertíssimo (formado a partir do acréscimo do sufixo “-íssimo” ao radical do adjetivo esperto) é um superlativo absoluto sintético, que indica que um dos parceiros apresenta essa qualidade em alto grau (é muito esperto).


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