sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Exercícios para o vestibular - Interpretação de texto

Texto Auxiliar: Texto I

Desde os anos 70, quando os partidos verdes começaram a despontar na Europa e o Greenpeace surgiu para protestar contra testes nucleares, o movimento ambientalista nunca foi seriamente questionado em sua sacrossanta missão de salvar a Terra. Nem havia por quê: os dados da tragédia — florestas desaparecendo, espécies se extinguindo a rodo e os mares subindo devido ao efeito estufa — pipocam nos noticiários para dizer que a humanidade está destruindo o planeta. Ninguém em sã consciência (salvo um ou outro presidente dos EUA) poderia ser contra os cuidados com a combalida saúde global.

Nada mais normal, portanto, do que reagir com incredulidade a qualquer um que venha dizer que o planeta nunca esteve tão bem, obrigado, e que um futuro radiante aguarda a humanidade, mesmo depois de todos os seus pecados contra a Mãe Natureza. Mas é justamente disso que o dinamarquês Bjorn Lomborg tenta (e, até certo ponto, consegue) convencer o leitor em The Skeptical Environmentalist. As coisas estão melhorando. E o fim do mundo não está próximo.

O livro de Lomborg cumpre a saudável tarefa de destoar ao dessacralizar as ONGs ecológicas. Ao caracterizá-las — não sem um certo exagero — como mais um grupo de lobby brigando por verbas, o autor quebra um tabu e abre um debate que, para a maior parte das pessoas, ainda soa algo herético. (...)
(ANGELO, Claudio. Folha de S. Paulo, 26 jun. 2001. Caderno Mais!)

1) Segundo o texto, é correto afirmar:
a) O autor do texto, Claudio Angelo, questiona as ONGs ecológicas pela sua posição radical em relação à avaliação da saúde do planeta.
b) O autor do texto procura mostrar que, apesar de a humanidade ter atacado a Mãe Natureza, o fim do mundo não está próximo.
c) O livro de Lomborg questiona a postura das ONGs ecológicas, mostrando os efeitos dos testes nucleares no meio ambiente.
d) O livro de Lomborg defende que a saúde do planeta não está tão abalada quanto muitos supõem.
e) Lomborg mostra em seu livro que devemos desconfiar de quem venha dizer que o planeta nunca esteve tão bem.

2) Observando a forma como é organizado o texto, é correto afirmar que nele predomina a intenção de:
a) questionar, e a continuação mais coerente com o fragmento acima é tratar dos impactos ambientais que colocam em xeque a saúde do planeta.
b) argumentar, e a continuação mais coerente com o fragmento acima é desenvolver o tema de que as ONGs precisam cumprir melhor seu papel.
c) informar, e a continuação mais coerente com o fragmento acima é apresentar como o livro de Lomborg trata as questões ecológicas.
d) descrever, e a continuação mais coerente com o fragmento acima é caracterizar os acidentes ambientais que ameaçam a saúde do planeta.
e) narrar, e a continuação mais coerente com o fragmento acima é apresentar os fatos que corroboram as atitudes das ONGs ecológicas.

3) O texto apresenta várias opiniões. Assinale a alternativa em que a correspondência entre a opinião e seu detentor é correta.
a) Alguns presidentes dos EUA costumam colocar-se contra os cuidados que são tomados para salvar o planeta — opinião de Lomborg.
b) Lomborg exagera um pouco ao dizer que as ONGs ecológicas só brigam por verbas — opinião do autor do texto.
c) Em relação à saúde global, as coisas estão melhorando e o fim do mundo não está próximo — opinião do autor do texto.
d) Lomborg consegue, até certo ponto, convencer o leitor de que o planeta nunca esteve tão bem — opinião das ONGs ecológicas.
e) O movimento ambientalista nunca foi seriamente questionado — opinião de Lomborg.

4) Compare o uso de travessões no primeiro e no terceiro parágrafos. É correto afirmar que eles têm a função de isolar um conteúdo para, respectivamente,
a) explicar os dados da tragédia – criticar o papel das ONGs.
b) evidenciar a opinião de Claudio Angelo – explicar o papel das ONGs.
c) descrever os dados da tragédia – esclarecer a posição de Lomborg.
d) apontar os fatos que contradizem a opinião das ONGs – desmentir a opinião do autor.
e) enumerar os dados da tragédia – inserir a opinião de Claudio Angelo.

5)  “Os narradores, embora de espaços diferentes – escolas rurais, escolas de favelas, escolas de grandes e pequenas cidades – contam, em uníssono, a história da educação paulista, mas que não é diferente da educação gaúcha, potiguar ou mato-grossense.” (PROLEITURA, jun. 1998.)

Que alternativa reescreve o texto acima sem alterar o sentido?

a) Os narradores, porque procedem de espaços diferentes, contam, em uníssono, a história da educação paulista, embora ela seja diferente da educação gaúcha, potiguar ou mato-grossense.
b) Os narradores, procedentes portanto de espaços diferentes, contam, em uníssono, a história da educação paulista, que porém não é diferente da educação gaúcha, potiguar ou mato-grossense.
c) Os narradores, quando de espaços diferentes, contam, em uníssono, a história da educação paulista, que, por isso, não é diferente da educação gaúcha, potiguar ou mato-grossense.
d) Os narradores, apesar de procedentes de espaços diferentes, contam, em uníssono, a história da educação paulista, que não é, todavia, diferente da educação gaúcha, potiguar ou mato-grossense.
e) Os narradores, que todavia são de espaços diferentes, contam, em uníssono, a história da educação paulista, mas não são diferentes de gaúchos, potiguares ou mato-grossenses.

6)  No jornal de um supermercado aparece um cliente pronunciando-se a respeito da loja: “Compro no supermercado X a 28 anos, pois sou bem tratado pelos funcionários e lá encontro toda a mercadoria que preciso”.
Observe como o depoimento do cliente foi reescrito:

I - Compro no supermercado X há 28 anos, pois lá sou bem tratado pelos funcionários e encontro toda a mercadoria de que preciso.
II - Compro no supermercado X à 28 anos, pois sou bem tratado pelos funcionários, onde encontro toda a mercadoria que preciso.
III - Compro no supermercado X há 28 anos, pois sou bem tratado pelos funcionários e lá encontro toda a mercadoria cuja qual preciso.

Segue(m) as normas da língua padrão:
a) Apenas a versão I.
b) Apenas as versões I e III.
c) Apenas a versão III.
d) Apenas as versões I e II.
e) Apenas as versões II e III.

Texto Auxiliar: Texto II

Acordos e parcerias

Pacto, coalizão, fórum, seminário, manifesto, parceria. Há muito tempo a agroindústria brasileira da cana-de-açúcar não se mobilizava de forma tão substantiva, embora nenhuma das grandes questões em discussão no setor tenha sido resolvida satisfatoriamente até agora. Empresários, trabalhadores e governo não chegaram a consenso, por exemplo, sobre o futuro do álcool como combustível alternativo ao petróleo, a importância do álcool na matriz energética nacional, as inter-relações na cadeia produtiva, o combate ao desemprego, as questões ambientais, etc. Entretanto, várias iniciativas ganharam impulso do ano passado para cá, entre as quais os “pools” de produtores para reduzir custos (racionalizando a logística da safra) e ganhar competitividade na venda de álcool. Segundo alguns usineiros, essas associações, que incluem unidades produtoras de vários Estados, devem substituir a curto prazo a BBA – Bolsa Brasileira do Álcool, criada em 1999 para enxugar os estoques excedentes de álcool que encharcavam o país, jogando os preços lá embaixo.(Globo Rural, mai. 2000.)


7)  Segundo o texto, é correto afirmar:
a) Foi inútil a ação dos empresários, trabalhadores e governo em prol das substâncias adicionadas ao álcool.
b) O futuro do álcool estava comprometido por causa dos estoques excedentes criados pela BBA.
c) A Bolsa Brasileira do Álcool foi criada pelos empresários para combater o desemprego.
d) Grupos de produtores buscam reduzir os custos de produção do álcool, tornando o produto mais competitivo.
e) A proposta de substituição do petróleo pelo álcool é unanimidade entre empresários, trabalhadores e governo.


8)  Em quais das frases abaixo manifesta-se a linguagem figurada ou conotativa?

I - Há muito tempo a agroindústria brasileira de cana-de-açúcar não se mobilizava de forma tão substantiva.
II - Empresários e trabalhadores não chegaram a consenso.
III - Essas associações devem substituir a curto prazo a BBA.
IV - A BBA foi criada em 1999 para enxugar os estoques excedentes de álcool.

a) Apenas I e II.
b) Apenas I, III e IV.
c) Apenas II, III e IV.
d) Apenas I e III.
e) Apenas I e IV.

9)  As expressões "os 'pools' de produtores para reduzir custos" e "essas associações" remetem a que palavra listada no início do texto?
a) Manifesto.
b) Fórum
c) Seminário.
d) Pacto.
e) Coalizão.

Texto Auxiliar: Texto III

Progresso engole fábrica de linhas em SP

A fachada da velha fábrica confunde a visão de quem passa pela rua de sobrados na Pompéia (zona oeste de SP). O telhado em ziguezague, a fachada de tijolo pintada de salmão. Dentro, a surpresa é ainda maior: máquinas da década de 20 ainda trabalham, com as engrenagens cobertas de poeira, enrolando os últimos fios coloridos produzidos pela Fábrica de Linhas Pavão.
A fábrica parece ter perdido o “fio da meada” em algum ponto do novelo do tempo e enroscado em 1930, quando foi inaugurada pelo imigrante armênio Camilo Siufi. Pelo visto, jamais sairá daqueles anos – o prédio foi vendido a uma imobiliária e deve ser entregue no mês que vem para cumprir seu destino de edifício. (Folha de S. Paulo, 9 set. 2001.)

10)  O primeiro parágrafo do texto é descritivo. Isso se comprova pela

I - predominância de verbos no presente.
II - predominância de frases nominais.
III - perspectiva adotada em todo texto descritivo: do geral para o particular e de fora para dentro.
IV - abundância de adjetivação.

São corretas apenas:
a) II e IV.
b) III e IV.
c) II e III.
d) I e III.
e) I e IV.

11)  “Pelo visto, jamais sairá daqueles anos – o prédio foi vendido a uma imobiliária e deve ser entregue no mês que vem para cumprir seu destino de edifício.”

No trecho acima estabelece-se uma relação de
a) causa, e o travessão pode ser substituído por porque.
b) condição, e o travessão pode ser substituído por pois.
c) tempo, e o travessão pode ser substituído por quando.
d) comparação, e o travessão pode ser substituído por onde.
e) finalidade, e o travessão pode ser substituído por depois que.

12)  A expressão Fábrica de Linhas Pavão aciona no texto os seguintes vocábulos de um mesmo campo semântico:
a) fachada, visão, ponto, novelo, salmão.
b) fio, meada, ponto, novelo, enroscado.
c) novelo, enroscado, velha, sobrados.
d) fio, meada, prédio, imobiliária, tijolo.
e) meada, sobrados, máquinas, imobiliária.

Texto Auxiliar: Texto IV

O ministro da Ciência e Tecnologia, Ronaldo Sardenberg, 60 anos, tem quase quatro décadas como diplomata. Habituou-se à fala calma e aos gestos contidos. É desse modo que aborda o tema mais polêmico de sua pasta atualmente: o acordo do Brasil com os Estados Unidos segundo o qual as empresas americanas poderão usar a base aeroespacial de Alcântara, no Maranhão, para pôr seus satélites em órbita. Mas, por trás da fachada diplomática, Sardenberg anda furioso. Por defender o acordo com os americanos, que a oposição no Congresso combate sob a alegação de que fere a soberania nacional, Sardenberg tem sido acusado de entreguista e impatriótico. “Repilo energicamente esse tipo de acusação”, diz o ministro, que se classifica como um “nacionalista”. Para ele, o acordo com os Estados Unidos é bom para o Brasil – e servirá como uma importante alavanca para que o país entre no competitivo e bilionário mercado aeroespacial.
(Veja, 12 set. 2001.)

13)  Sardenberg, para se defender da acusação de “entreguista e impatriótico”, argumenta que o acordo com os EUA:
a) fere a soberania nacional.
b) é essencial para que o Brasil se insira no mundo globalizado.
c) é um impulso para que o Brasil entre no mercado aeroespacial.
d) é um tema polêmico no Ministério da Ciência e Tecnologia.
e) é resultado de quatro décadas de experiência no trabalho diplomático.

14)  “É desse modo que aborda o tema mais polêmico de sua pasta atualmente ...”
A expressão desse modo, no início do texto, refere-se:
a) à forma de atuar característica do diplomata: “fala calma” e “gestos contidos”.
b) ao que Sardenberg pensa do acordo entre Brasil e EUA.
c) ao fato de Sardenberg ser o ministro da Ciência e Tecnologia.
d) ao fato de Sardenberg ter quase quatro décadas de experiência diplomática.
e) à característica polêmica do acordo.

Texto Auxiliar: Texto V

O lugar não importa. Pode ser qualquer um, contanto que seja pobre e marginal a esta outrora encantadora cidade. Nele fiquei mais de um ano convivendo e conversando com os supostos agentes da violência urbana. Alguns por serem simples moradores do lugar. Pois o que é para nós, além de um grande medo, assunto jornalístico, para eles é nódoa contra a qual têm que lutar diariamente, até com eles próprios na frente do espelho que certa imprensa lhes montou. Mais um estigma que, na pressa de descobrir os culpados alhures, se lhes impôs. Outros porque realmente traficam, assaltam e fazem uso da arma de fogo. Eu os vi, observei, escutei e deles ouvi contar muitas estórias. Durante todo esse tempo ouvi também explicações, ou seja, tentativas de encaixar o que para eles pode vir a ser uma terrível tragédia pessoal numa lógica qualquer, na ordem das coisas deste mundo. É claro. Todo mundo sabe o fim dos bandidos pobres: morrer antes dos 25 anos. E ninguém quer ver seu filho, seu irmão, seu parente ou seu vizinho com este destino, embora haja quem acredite que este caminho não é escolha, é sina. Talvez seja o modo que encontram para dizer que as condições em que vivem os levam forçosamente a agir assim.
(ZALUAR, Alba. Condomínio do diabo. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, 1994. p. 7.)

15)  Segundo o texto, é correto afirmar:
a) Qualquer morador das áreas pobres do Rio de Janeiro tem sua parcela de responsabilidade na violência urbana.
b) Alguns moradores das favelas acreditam que está escrito no destino de cada um tornar-se ou não bandido.
c) Os moradores das favelas que não entram para o crime ficam alheios às tragédias do cotidiano.
d) A autora faz sua análise a partir de uma situação hipotética, por isso não identifica o lugar estudado.
e) Os moradores das favelas afirmam que o banditismo é a única alternativa de sobrevivência que lhes é acessível.

16)  No texto, a expressão “na frente do espelho que certa imprensa lhes montou” refere-se:
a) às fotos de favelados insistentemente divulgadas por órgãos de imprensa.
b) à baixa auto-estima dos moradores de favela resultante de suas precárias condições de vida.
c) à representação que os moradores de favela têm de si próprios, a partir de sua descrição na imprensa.
d) à apresentação de bandidos como heróis nos noticiários policiais, transformando-os em modelos para os moradores das favelas.
e) aos espelhos distribuídos por empresas jornalísticas com objetivo publicitário e usados nos barracos das favelas.

17)  Em que alternativa a mudança na ordem das palavras resulta em uma sequência que poderia substituir a expressão correspondente no texto, sem alteração de sentido?
a) esta outrora encantadora cidade Þ esta encantadora cidade outrora
b) os supostos agentes da violência urbana Þ os agentes da violência urbana supostos
c) certa imprensa Þ imprensa certa
d) uma terrível tragédia pessoal Þ uma tragédia pessoal terrível
e) dos bandidos pobres Þ dos pobres bandidos

18)  Indique a alternativa em que a concordância foi feita segundo as normas do português escrito.
a) Não existe, na conjuntura atual, soluções perfeitas para o problema da energia no Brasil.
b) As sondas da NASA usam um sistema chamado redes neurais, que procura imitar o funcionamento do sistema nervoso de animais.
c) A história das civilizações pode ser contada como a busca por combustíveis capaz de gerar a energia necessária para nos aquecer no inverno e cozinhar alimentos.
d) Os críticos da globalização, ao alegar que os ricos estão ficando mais ricos e os pobres mais pobres, escolhe, com frequência, o campo de batalha errado.
e) Nas obras literárias marcantes está refletido, de algum modo, as tendências dominantes da cultura de cada época.

19)  Assinale a alternativa em que a pontuação está correta.
a) Senhor diretor, há necessidade de explicitarmos uma questão muito séria: estas bactérias organismos não visíveis a olho nu, precisam imediatamente ser combatidas.
b) Senhor diretor, há necessidade de explicitarmos uma questão muito séria, estas bactérias, organismos não visíveis a olho nu precisam imediatamente ser combatidas.
c) Senhor diretor, há necessidade de explicitarmos uma questão muito séria: estas bactérias, organismos não visíveis a olho nu, precisam, imediatamente, ser combatidas.
d) Senhor diretor, há necessidade de explicitarmos uma questão muito séria; estas bactérias, organismos não visíveis a olho nu, precisam, imediatamente ser combatidas.
e) Senhor diretor há necessidade de explicitarmos uma questão muito séria: estas bactérias, organismos não visíveis a olho nu precisam imediatamente ser combatidas.

20)  Assinale a alternativa em que todas as palavras são formadas por prefixos com significação semelhante.
a) adjunto, antebraço, assobio.
b) incômodo, ilegal, impróprio.
c) ingerir, ilógico, imigrar.
d) afônico, adestrar, amável.
e) desfavorável, desabrochar, despedir.

21)  Leia o poema abaixo e assinale a alternativa correta.

A rosa de Hiroxima
Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroxima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada.

O poema A rosa de Hiroxima, de Vinícius de Moraes, encontra-se no livro Nossa senhora de los Ángeles, escrito durante a permanência do poeta nos Estados Unidos (de 1946 a 1950), e traz uma reflexão política. Em que medida esses versos podem se correlacionar com o episódio dos atentados terroristas contra os Estados Unidos, em que se deu a queda das torres do World Trade Center e de parte do Pentágono, em 11 de setembro de 2001?

a) O poema se correlaciona com esse fato porque antecipa o episódio ocorrido em 2001, uma vez que se refere à bomba atômica lançada sobre Hiroxima, pelos americanos, na época da Segunda Guerra Mundial. O poeta alerta para uma possível vingança por parte dos que sofreram a violência da guerra.
b) O poema demonstra um sujeito lírico movido pelo sentimento de antiviolência, que alerta para as consequências das ações bélicas praticadas durante a Segunda Guerra Mundial. Por isso, o poema é atual, uma vez que o mesmo sentimento pacifista ressurge em face dos atentados terroristas de 2001 e de seus desdobramentos.
c) No poema há um contraste entre o mundo oriental e o mundo ocidental, que justifica o ataque atômico feito à cidade de Hiroxima.
d) O sujeito lírico é tomado por um espírito antiamericano que vai expressamente de encontro às posturas imperialistas adotadas pelos Estados Unidos.
e) Não é possível estabelecer nenhuma correlação, pois o poema A rosa de Hiroxima é um texto lírico e, como tal, não fala de violência, enquanto os atentados ocorridos contra os Estados Unidos, em 2001, são fatos terroristas que trazem à tona a questão da violência.

22)  Assinale a alternativa correta sobre a obra A morte e a morte de Quincas Berro d'Água, de Jorge Amado.
a) O primeiro ritual em torno da morte do protagonista, o velório tradicional, com caixão, defunto bem vestido e flores, expressa a tentativa da família de retirar a personagem Quincas Berro d'Água do submundo em que vivia, trazendo-o novamente para a normalidade da ordem estabelecida. Já o segundo ritual, em que os companheiros de Quincas retiram toda a sua vestimenta e o levam para uma festa, representa o retorno à liberdade.
b) Considerada pela crítica literária uma das melhores obras de Jorge Amado, A morte e a morte de Quincas Berro d'Água faz uma crítica aos costumes imorais e desregrados dos marginais, como a personagem Quincas, que abandona a família e os bons costumes para viver na vagabundagem, bebendo e ao lado de prostitutas.
c) Escrita na década de 1950, a obra apresenta uma forte tendência à crítica social ao descrever com realismo o cotidiano do homem do interior baiano, como a personagem Quincas Berro d'Água. Este, ao se deparar com os costumes e valores do homem da cidade, perde seus parâmetros de conduta moral, tornando-se um marginal que abandona a família para viver uma vida devassa.
d) De modo semelhante ao romance Vidas secas, de Graciliano Ramos, A morte e a morte de Quincas Berro d'Água caracteriza-se como uma obra de engajamento social, típica da segunda fase modernista. O texto de Graciliano expõe a dura realidade dos moradores do sertão nordestino, sujeitos a toda sorte de misérias, advindas tanto da seca quanto das desigualdades sociais, e a narrativa de Jorge Amado preocupa-se em retratar o submundo da capital baiana, onde prevalecem a vagabundagem, a prostituição, a vida desligada de quaisquer valores morais.
e) A morte e a morte de Quincas Berro d'Água aproxima-se de outras obras do escritor Jorge Amado, como Gabriela, cravo e canela e Tieta do Agreste, pois, igualmente, preocupa-se em expor uma visão pitoresca e telúrica do povo baiano, imagem de um mundo tropical marcado pela graça, pela beleza e pela sensualidade da mulher brasileira, lembrando de perto as obras do Romantismo.

23)  Leia o poema abaixo, de Augusto dos Anjos, e assinale a afirmativa INCORRETA.

Psicologia de um vencido

Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
Já o verme – este operário das ruínas –
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,
Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!

a) O elemento verme, que aparece no poema como sinônimo de morte, revela os traços modernistas de Augusto dos Anjos. O poeta, assim como Manuel Bandeira, usa com frequência a imagem do verme para refletir sobre a inutilidade da vida humana, cujo único fim é servir de alimento a “este operário das ruínas”.
b) A expressão “filho do carbono e do amoníaco”, presente no primeiro verso do poema, revela a preocupação do sujeito lírico em tentar definir o “eu”, o qual, na poesia de Augusto dos Anjos, figura como um mistério originado a partir da fusão de todas as energias do universo.
c) O vocabulário científico presente no poema – carbono, amoníaco, epigênese – ainda que lembre o evolucionismo naturalista, revela a problemática existencial, que se afasta do cientificismo, na medida em que revela uma profunda angústia diante da fatalidade humana. Tal aspecto pode ser observado nas duas últimas estrofes, o que nos permite aproximar Augusto dos Anjos da poesia simbolista.
d) Os dois últimos versos da primeira estrofe, “Sofro, desde a epigênese da infância,/ A influência má dos signos do zodíaco”, tematizam a miséria da existência humana desde o momento de sua constituição mais elementar, epigênese. O homem, assim, se encaminha, gradativamente, para a destruição implacável, para a “frialdade inorgânica da terra”, habitada apenas pelo verme.
e) O título do poema, “Psicologia de um vencido”, sintetiza a vivência de asco e horror do eu-lírico diante de um mundo doente, “profundissimamente hipocondríaco”. Tal fato pode ser observado pelo contraste estabelecido entre o eu e o mundo nos três últimos versos da segunda estrofe: “Este ambiente me causa repugnância.../ Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia/ Que se escapa da boca de um cardíaco”.

24)  Leia o trecho abaixo.

“Para um artista militante, sua função não é exclusivamente produzir uma obra de arte esteticamente válida, mas, e sobretudo, realizar uma obra que contenha um sentido revolucionário do ponto de vista social. Sua posição consiste em afirmar não unicamente o caráter ideológico da obra literária, mas, e principalmente, em afirmar a necessidade de que ela atue como veículo de conscientização e de esclarecimento do público.” (FANTINATI, Carlos Erivany. O profeta e o escrivão: estudo sobre Lima Barreto. São Paulo: Hucitec, 1978. p. 3.)

Com base no comentário transcrito acima, quanto ao romance Recordações do Escrivão Isaías Caminha, de Lima Barreto, é correto afirmar:

a) Enquanto escritor militante, que via na literatura um meio de levar à mudança social, Lima Barreto narra sua história pessoal no romance Recordações do escrivão Isaías Caminha, no sentido de mostrar que toda literatura engajada deve partir de fatos reais, que podem ser comprovados historicamente, e não de fatos fictícios.

b) Visando o engajamento social, Lima Barreto, na obra Recordações do escrivão Isaías Caminha, utiliza-se de referências históricas retiradas de livros de História do Brasil e de crônicas jornalísticas da segunda metade do século XX, sendo seu livro considerado uma obra essencialmente sociológica.

c) Em Recordações do escrivão Isaías Caminha, a conscientização e o esclarecimento do público quanto à arte e sua finalidade, quanto à posição do artista e ao dever do crítico, são resultados da postura militante de Lima Barreto e encontram-se nas reflexões e nas críticas feitas por ele à ditadura exercida pela imprensa da época, começo do século XX. Nesse contexto, o modelo de jornalismo pautava-se pela crítica elogiosa aos escritores apadrinhados, mantendo no anonimato ou mesmo descompondo aqueles que não o eram, como ocorre no jornal em que trabalha o protagonista Isaías.

d) O aspecto revolucionário do romance Recordações do escrivão Isaías Caminha encontra-se, sobretudo, no trabalho dispensado à linguagem, devido às influências de princípios estéticos das vanguardas européias do início do século XX, como o Futurismo e o Cubismo. Nesse romance Lima Barreto rompe com as normas da sintaxe tradicional, quebra a linearidade do enredo, passando a utilizar-se de um vocabulário pouco erudito, próximo ao falar cotidiano do homem comum, conforme se observa nos artigos de jornal escritos pela personagem Isaías Caminha.

e) O romance Recordações do escrivão Isaías Caminha, ao discutir a posição do negro, Isaías Caminha, dentro da sociedade carioca do começo do século XX, resgata o tema da escravidão, bastante discutido pelos escritores românticos, sobretudo por José de Alencar, o que revela o caráter social da literatura de Lima Barreto e a postura engajada do escritor.

25)  Leia o poema abaixo, de Murilo Mendes, e assinale a alternativa INCORRETA.

Canção do exílio

Minha terra tem macieiras da Califórnia
Onde cantam gaturamos de Veneza.
Os poetas da minha terra
São pretos que vivem em torres de ametista,
Os sargentos do exército são monistas, cubistas,
Os filósofos são polacos vendendo a prestações.
A gente não pode dormir
Com os oradores e os pernilongos.
Os sururus em família têm por testemunha a Gioconda.
Eu morro sufocado
Em terra estrangeira.
Nossas flores são mais bonitas
Nossas frutas mais gostosas
Mas custam cem mil réis a dúzia.
Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade
E ouvir um sabiá com certidão de idade.

a) Ao parodiar um poema romântico homônimo, o poeta utiliza-se de uma das técnicas mais eficazes de crítica encontrada pelos modernistas, a paródia, usada com muita propriedade e eficácia também por Mário de Andrade e Oswald de Andrade.

b) Os versos “Eu morro sufocado/ em terra estrangeira” revelam que a “terra estrangeira” não é um outro espaço, mas a própria terra natal do eu-lírico, desfigurada pela presença marcante de elementos que não lhe são próprios: macieiras da Califórnia, gaturamos de Veneza.

c) O tom coloquial da linguagem, o uso do verso livre e a ausência de rimas, juntamente com a presença de crítica social, expressam as características modernistas do poema, encontradas também em outros poemas de escritores do Modernismo, como Manuel Bandeira e Mário de Andrade.

d) O poema apresenta temática nacionalista bem ao gosto do Modernismo, mostrando uma visão idealizada das belezas naturais brasileiras, como se observa nos versos 12 e 13, “Nossas flores são mais bonitas/nossas frutas mais gostosas”.
e) Os versos 3 e 4, “Os poetas de minha terra/são pretos que vivem em torres de ametista”, sugerem uma crítica à literatura simbolista, no que se refere ao frequente isolamento de seus escritores dos problemas sociais mais prementes da sociedade brasileira do final do século XIX e início do século XX, pelo seu fechamento nas chamadas “torres de marfim”, expressão que Murilo Mendes transmuda para “torres de ametista”.

26)  Sobre Amor de perdição, do escritor português Camilo Castelo Branco, assinale a alternativa INCORRETA:
a) Amor de perdição é uma novela ultra-romântica, marcada pelo sentimento passional e pelo idealismo amoroso, confirmando, assim, duas das principais características do período, que foram o subjetivismo e a luta individual do herói.

b) Narrada em terceira pessoa, a novela segue as convenções tradicionais da narrativa de ficção, como a sequência temporal dos acontecimentos e a linearidade do enredo, apresentando também referências históricas e biográficas.

c) O ultra-romantismo da novela é quebrado por tendências realistas observadas no posicionamento da personagem Mariana e na forma pouco subjetiva como a realidade é tratada numa ficção documental.

d) Mariana é a principal agente de comunicação entre Simão e Teresa, figurando como personagem auxiliar que promove a união amorosa entre os dois adolescentes apaixonados, embora não possa dela participar.

e) A personagem Mariana, encarnando o amor romântico, com pureza e resignação, e a personagem Teresa, representando a mulher inacessível e idealizada, encontram na morte a plenitude do amor idealizado, nesta novela da segunda fase romântica da literatura portuguesa.

27)  O texto abaixo é o último capítulo do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis.
Agora, por que é que nenhuma dessas caprichosas me fez esquecer a primeira amada do meu coração?

 Talvez porque nenhuma tinha os olhos de ressaca, nem os de cigana oblíqua e dissimulada. Mas não é esse propriamente o resto do livro. O resto é saber se a Capitu da praia da Glória já estava dentro da de Matacavalos, ou se esta foi mudada naquela por efeito de algum caso incidente. Jesus, filho de Sirach, se soubesse dos meus primeiros ciúmes, dir-me-ia, como no seu cap. IX, vers. 1: "Não tenhas ciúmes de tua mulher para que ela não se meta a enganar-te com a malícia que aprender de ti". Mas eu creio que não, e tu concordarás comigo; se te lembras bem da Capitu menina, hás de reconhecer que uma estava dentro da outra, como a fruta dentro da casca.

E bem, qualquer que seja a solução, uma coisa fica, e é a suma das sumas, ou resto dos restos, a saber, que a minha primeira amiga e o meu maior amigo, tão extremosos ambos e tão queridos também, quis o destino que acabassem juntando-se e enganando-me... A Terra lhes seja leve! Vamos à História dos subúrbios.

Pela leitura do texto, é correto afirmar que, depois de contar a história da sua vida e do seu amor por Capitu, Bentinho, o narrador:
a) Conclui que Capitu não o traiu.
b) Buscando conforto na Bíblia, chega à conclusão de que, apesar de Capitu o ter traído, ele deveria perdoar-lhe e não sentir ciúmes dela.
c) Não tem certeza de que Capitu o traiu, embora acredite que ela tenha se transformado muito desde a adolescência, aparecendo quando adulta como uma cigana traiçoeira e dissimulada.
d) Chega à conclusão de que Capitu já possuía, quando menina, os traços psicológicos que a caracterizariam na fase adulta.
e) Constata que Capitu e seu amigo José Dias mantinham um romance desde a adolescência.

28)  Leia os poemas abaixo e aponte a alternativa correta.

Motivo

Eu canto porque o instante existe
E a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste,
Sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
Não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
Se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada. (Cecília Meireles)

Mãos dadas

Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
Não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
Não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
Não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes, a vida presente.
(Carlos Drummond de Andrade)

a) Não há identificação plena entre os dois poemas, visto que os poetas tratam o tempo presente de uma perspectiva diferenciada. Enquanto Cecília Meireles enfoca a brevidade das coisas, Drummond enfatiza a necessidade de um engajamento social.

b) Os dois poemas apresentam a mesma temática, que é a necessidade da criação poética. Porém, enquanto em Cecília Meireles há a fuga do tempo presente, em Drummond há a projeção de seus desejos para um tempo futuro.

c) A identificação entre os dois poemas ocorre pelo fato de os poetas se situarem na segunda fase da poesia modernista brasileira. Em vista disso, ambos tratam o tempo de uma mesma perspectiva lírica e apresentam um sentimento de tédio frente às tensões do mundo em que vivem.

d) A identificação entre os dois poemas ocorre pelo fato de os poetas pertencerem à fase heróica do modernismo brasileiro, os anos 20, o que evidencia a grande preocupação com o "fazer poético", como se pode ver pela importância dada por eles ao ritmo e à rima.

e) A identificação entre os dois poemas ocorre pelo fato de que os poetas não demonstram preocupação com os aspectos formais, como a linguagem bem cuidada e a melodia dos versos. Além disso, Drummond e Cecília se aproximam pela visão anti-romântica e têm consciência da brevidade da vida, pois sabem que vão se calar um dia.

29)  Examine as proposições a seguir e assinale a alternativa INCORRETA.
a) A relevância da obra de José de Alencar no contexto romântico decorre, em grande parte, da idealização dos elementos considerados como genuinamente brasileiros, notadamente a natureza e o índio. Essa atitude impulsionou o nacionalismo nascente, por ser uma forma de reação política, social e literária contra Portugal.

b) Ao lado de O guarani e Ubirajara, Iracema representa um mito de fundação do Brasil. Nessas obras, a descrição da natureza brasileira possui inúmeras funções, com destaque para a "cor local", isto é, o elemento particular que o escritor imprimia à literatura, acreditando contribuir para a sua nacionalização.

c) Embora tendo sido escrito no período romântico, Iracema apresenta traços da ficção naturalista tanto na criação das personagens quanto na tematização dos problemas do país.

d) A leitura de Iracema revela a importância do índio na literatura romântica. Entretanto, sabe-se que a presença do índio não se restringiu a esse contexto literário, tendo desembocado inclusive no Modernismo, por intermédio de escritores como Mário de Andrade e Oswald de Andrade.

e) O contraponto poético da prosa indianista de Alencar é constituído pela lírica de Gonçalves Dias. Indiscutivelmente, em "O canto do guerreiro" e em "O canto do piaga", dentre outros poemas, o índio é apresentado de maneira idealizada, numa perpetuação da imagem heroica e sublime adequada aos ideais românticos.

30)  O fragmento do poema abaixo pertence à segunda parte da obra Lira dos vinte anos, de Álvares de Azevedo. Leia-o, analise as afirmativas que o seguem e assinale a alternativa correta.

É ela! É ela! É ela! É ela!
É ela! É ela! – murmurei tremendo,
E o eco ao longe murmurou – é ela!
Eu a vi — minha fada aérea e pura –
A minha lavadeira na janela!

[...]

Esta noite eu ousei mais atrevido
Nas telhas que estalavam nos meus passos
Ir espiar seu venturoso sono,
Vê-la mais bela de Morfeu nos braços!

[...]

Afastei a janela, entrei medroso:
Palpitava-lhe o seio adormecido...
Fui beijá-la... roubei do seio dela
Um bilhete que estava ali metido...
Oh! Decerto... (pensei) é doce página
Onde a alma derramou gentis amores;
São versos dela... que amanhã decerto
Ela me enviará cheios de flores...

[...]

É ela! é ela! – repeti tremendo;
Mas cantou nesse instante uma coruja...
Abri cioso a página secreta...
Oh! Meu Deus! era um rol de roupa suja!

a) O tema da mulher idealizada é constante na obra de Álvares de Azevedo. No poema em questão, a imagem da virgem sonhadora é simbolizada pela lavadeira, uma forma de denunciar os problemas sociais e, ao mesmo tempo, reportar a imagem feminina ao modelo materno.

b) No poema "É ela! É ela! É ela! É ela!", a musa eleita é uma lavadeira. Dizendo-se apaixonado, o eu-lírico a observa enquanto dorme e retira do seio da amada uma lista de roupa, que imaginara ser um bilhete de amor. Trata-se de uma forma melancólica de expressar a grandeza das relações humanas e representar a concretização do amor.

c) O emprego de termos elevados em referência à lavadeira, tais como "fada aérea e pura", é um fator que reforça o riso por associar a lavadeira a uma musa inspiradora e exaltadora da paixão. Trata-se, portanto, de um poema de linha irônica e prosaica, que revela os valores morais daquela época.

d) O poema, no conjunto das estrofes acima transcritas, revela tédio e melancolia. Esses sentimentos são reforçados pelo murmúrio do eu-lírico, "É ela! É ela!", ao visualizar sua amada.

e) A figura da lavadeira no poema é a de uma mulher que não se pode possuir. Dessa maneira, o poema afasta a possibilidade de concretização do ato sexual, confirmando a idealização da mulher no período romântico.



GABARITO DOS EXERCÍCIOS DE LÍNGUA PORTUGUESA
1 D , 2 C, 3 B, 4 E, 5 D, 6 A, 7 D, 8 E, 9 E, 10 E, 11 A, 12 B, 13 C, 14 A, 15 B, 16 C, 17 D, 18 B, 19 C, 20 B, 21 B, 22 A, 23 A, 24 C, 25 D, 26 C, 27 D, 28 A, 29 C, 30 C

Nenhum comentário:

Postar um comentário