sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Teste de interpretação de textos

Avaliação de Português
O MEDO SOCIAL
No Rio de Janeiro, uma senhora dirigia seu automóvel com o filho ao lado. De repente foi assaltada por um adolescente, que a roubou, ameaçando cortar a garganta do garoto. Dias depois, a mesma senhora reconhece o assaltante na rua. Acelera o carro, atropela-o e mata-o, com a aprovação dos que presenciaram a cena. Verídica ou não, a história é exemplar. Ilustra o que é a cultura da violência, a sua nova feição no Brasil.
Ela segue regras próprias. Ao expor as pessoas a constantes ataques à sua integridade física e moral, a violência começa a gerar expectativas, a fornecer padrões de respostas. Episódios truculentos e situações-limite passam a ser imaginados e repetidos com o fim de caucionar a idéia de que só a força resolve conflitos. A violência torna-se um item obrigatório na visão do mundo que nos é transmitida. Cria a convicção tácita de que o crime e a brutalidade são inevitáveis. O problema , então, é entender como chegamos a esse ponto. Como e por que estamos nos familiarizando com a violência, tornando-a nosso cotidiano.
Em primeiro lugar, é preciso que a violência se torne corriqueira para que a lei deixe de ser concebida como o instrumento de escolha na aplicação da justiça. Sua proliferação indiscriminada mostra que as leis perderam o valor normativo e os meios legais de coerção, a força que deveriam ter. Nesse vácuo, indivíduos e grupos passam a arbitrar o que é justo ou injusto, segundo decisões privadas, dissociadas de princípios éticos válidos para todos. O crime é, assim, relativizado em seu valor de infração. Os criminosos agem com consciências felizes. Não se julgam fora da lei ou da moral, pois conduzem-se de acordo com o que estipulam ser o preceito correto. A imoralidade da cultura da violência consiste justamente na disseminação de sistemas morais particularizados e irredutíveis a ideais comuns, condição prévia para que qualquer atitude criminosa possa ser justificada e legítima.

Jurandir Freire Costa

01. ''No Rio de Janeiro, uma senhora dirigia seu automóvel com o filho ao lado. De repente foi assaltada por um adolescente...''; a passagem do pretérito imperfeito para o pretérito perfeito marca a mudança de:

A) um texto descritivo para um texto narrativo;
B)a fala do narrador para a fala do personagem;
C)um tempo passado para um tempo presente;
D)um tempo presente para um tempo passado;
E)a mudança de narrador.

02. ''De repente foi assaltada por um adolescente...''; esta frase, na voz passiva analítica, tem como correspondente na voz ativa a frase:

A)De repente assaltou-se um adolescente;
B)Um adolescente, de repente, assaltou (a senhora)...'';
C)De repente, uma senhora foi assaltada...'';
D)De repente, um adolescente assalta (uma senhora)...'';
E)Um adolescente foi assaltado por uma senhora, de repente.

03. ''... que a roubou, ameaçando cortar a garganta do garoto.'' ; o bom uso do gerúndio requer que sua ação seja simultânea à do verbo principal, como ocorre nesse segmento do texto. Assim, é exemplo de mau uso do gerúndio a frase:

A)O assaltante gritou, abrindo a porta...'';
B)O motorista acovardou-se, abaixando o vidro;
C)O assaltante entrou, sentando-se no banco traseiro;
D)O marginal ameaçou-o, mostrando a arma;
E)O motorista obedeceu, acelerando o carro.

04. A narrativa contida no primeiro parágrafo tem a função textual de:

A)exemplificar algo que vai ser explicitado depois;
B)justificar a reação social contra a violência;
C)despertar a atenção do leitor para o problema da violência;
D)mostrar a violência nas grandes cidades;
E)relatar algo que vai justificar uma reação social.

05. Idéia não contida no texto é:

A)a violência cria regras próprias;
B)os criminosos agem segundo regras particulares;
C)a violência aparece socialmente justificada;
D)a violência aparece como algo inevitável;
E)a violência requer uma ação governamental eficiente.

06. Segundo o texto, para que a lei deixe de ser o remédio contra a violência é necessário:

A)que as leis se tornem obsoletas;
B)que os governos descuidem dos problemas;
C)que a violência se banalize;
D)que os marginais se tornam mais audaciosos;
E)que a violência crie regras próprias.

07. ''Nesse vácuo, indivíduos e grupos passam a arbitrar o que é justo ou injusto...''; o comentário correto sobre esse segmento do texto é:

A)O vácuo referido é o espaço vago deixado pela ação governamental;
B)Indivíduos e grupos passam a tomar a lei em suas mãos;
C)A justiça acaba sendo determinada pelos marginais;
D)A injustiça acaba por elaborar as leis;
E)Passa a vigorar a lei do mais esperto.

08. ''A imoralidade da cultura da violência consiste justamente na disseminação de sistemas morais particularizados e irredutíveis a ideais comuns...''; isso significa que:

A)na cultura da violência todos os marginais pensam de forma semelhante;
B)a imoralidade da cultura da violência se localiza em pequenos grupos;
C)na cultura da violência todos saem perdendo;
D)na cultura da violência, os ideais comuns inexistem;
E)a violência dissemina ideais comuns irredutíveis.

09. ''O crime é, assim, relativizado em seu valor de infração.''; uma forma de reescrever-se a mesma frase, mas com perda do sentido original é:

A)O valor de infração do crime é, assim, relativizado;
B)Assim, o crime foi relativizado em seu valor de infração;
C)O crime tem seu valor de infração, assim, relativizado;
D)Assim, o crime é, em seu valor de infração, relativizado;
E)Relativiza-se, assim, o valor de infração do crime.

10. O texto acima pode ser classificado, de forma mais adequada, como:

A)narrativo moralizante;
B)informativo didático;
C)dissertativo opinativo;
D)normativo regulamentador;
E)dissertativo polêmico.

GABARITO
01-A | 02-B | 03-C | 04-A | 05-E | 06-C | 07-B | 08-D | 09-B | 10-C

Nenhum comentário:

Postar um comentário