sábado, 13 de outubro de 2012

Rios sem discurso – exercício de interpretação


EXERCÍCIO DE INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
Rios sem discurso
Quando um rio corta, corta-se de vez
o discurso-rio de água que ele fazia;
a água se quebra em pedaços,
poços de água, em água paralítica.
Em situação de poço, a água equivale
a uma palavra em situação dicionária:
isolada, estanque no poço dela mesma,
e porque assim estanque, estancada;
e mais: porque assim estancada, muda,
e muda porque com nenhuma comunica,
porque cortou-se a sintaxe desse río
o fio de água por que ele discorria.
O curso de um rio, seu discurso-rio,
chega raramente a se reatar de vez;
um rio precisa de muito fio de água
para refazer o fio antigo que o fez.
Salvo a grandiloqúência de uma cheia
lhe impondo interina outra linguagem,
um rio precisa de muita água em fios
para que todos os poços se enfrasem:
se reatando, de um para outro poço,
em frases curtas, então frase e frase,
até a sentença-rio do discurso único
em que se tem voz a seca ele combate.
  1. Cortar apresenta o mesmo significado em suas duas ocorrências no primeiro verso? Comente.

  2. Comente a imagem "água paralítica" (primeira estrofe, quarto verso).

  3. O que é a "situação dicionária" de uma palavra? (primeira estrofe, sexto verso).

  4. Explique a relação entre a sintaxe do rio e a sintaxe das palavras.

  5. Por que o texto chama de interina à linguagem das cheias (segunda estrofe, sexto verso)? 
    O texto afirma que o rio pode combater a seca se tiver voz (segunda estrofe, último verso). Em que consiste a "voz" de um rio?

  6. Curso, discurso e discorrer são palavras que mantêm estreita ligação semântica e morfológica. Explique.

  7. Releia a segunda estrofe do poema e explique como se constitui o discurso-rio.

  8. Qual a relação entre ele e os discursos que formamos com as palavras?

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