“Cada qual sabe amar a seu modo; o modo, pouco importa; o essencial é que saiba amar.”
Temas e técnicas fundamentais da prosa machadiana
Ironia: contraste entre o que acontece e aquilo que deveria acontecer. Machado de Assis não se obriga a etiquetas: o narrador mostra a personagem na aparência pública (falsa) e na realidade íntima (verdadeira) e a desmascara.
Diálogo com o leitor: ao colocar o foco narrativo em 1ª pessoa, Machado de Assis o faz de modo a estabelecer uma empatia entre o eu (personagem) e o tu (leitor). Com isso, ao tocar em assuntos delicados (como doença, morte, ciúme, egoísmo, sentimentos inconfessáveis etc), ele o faz de modo a provocar a auto identificação do leitor com o que está sendo narrado. Assim, a dinâmica eu/tu produz, por espelhismo, o efeito do desmascaramento de ambos.
Intertextualidade: Machado sempre recorre a citações de grandes escritores da história da Literatura, para ilustrar a narrativa. Comparecem em sua obra Shakespeare, Goethe, Voltaire,
Swift, Sterne, sobretudo na exploração do humor. Às vezes, tais citações estimulam uma reflexão sobre o próprio ato de escrever, num requintado exercício de metalinguagem.
Paródia: Machado ironiza frases, textos, comportamentos célebres. A paródia consiste numa imitação algo jocosa e burlesca.
Digressão: é o modo ziguezagueante, sinuoso, de contar ou de expor a narrativa. A digressão suspende os assuntos e, no lugar deles, introduz outros, para retomar os primeiros mais adiante. Faz com que aumente o número dos temas e ocorrências casuais, proporcionados pela memória brincalhona, que se vai lembrando de coisas aparentemente sem conexão com o fio da intriga principal. Isso produz também, como efeito, a quebra da linearidade narrativa, o desenvolvimento de mini capítulos com frases curtas e títulos irônicos.
Eufemismo: é o abrandamento de uma informação dolorosa por meio de uma expressão delicada, suave e educada.
Pessimismo: nos cinco romances realistas de Machado as personagens veem aniquilados seus sonhos e desejos. O pessimismo machadiano, influência do pensador alemão Schopenhauer, não se volta apenas contra os sonhos de felicidade ou de grandeza: volta-se também contra o sonho de conhecer, de saber a fundo o sentido e o porquê das coisas.
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